09 março, 2009

Crushed-Dreams

““Numa pequena salinha, dentro de uma minúscula casinha, a menininha estava montando um grande quebra-cabeça. Grande demais para a sua própria cabeça (ô-ho-ho, trocadilho infame!), afinal, não possuia uma. Mas pouco importava, pois, em seu mundinho, isso era do que ela menos precisava. Estava feliz, isso bastava. Aconchegada num combo de almofadinhas fofas, aquecia seus pés à lareira. Ah! As almofadinhas! Como eram confortáveis! Afundada nesse mar de fofura, quem precisava de carinho-humano? As almofadas abraçavam seu corpinho e enchiam-no de ternura. As brasas da lareira aqueciam mais do que o fogo afetuoso do calor-humano. Tudo mecânico, a alcance de seus comandos, como e quando ela queria. Quando se deu por conta, a xícara do seu maravilhoso chá encantado jazia vazia, discreta e silenciosa em cima do criado-mudo. Maldita.” Puf.
Acorda, meu bem; calma! Tudo não passou de um pesadelo! Calma!! - Por favor, me abraça!” Puf.
A jovem acordou aturdida. Estava sozinha. Acabara adormecendo sobre seu quebra-cabeça menos preferido enquanto o desvendava. Era enorme, confuso, com milhares de micropeças assimétricas e irregulares e, o que mais incomodava, além de ser em três dimensões, era que a imagem mudava a cada aurora refletida em sua janela. E, para piorar, de seu inquieto cochilo, resultou a destruição de parte já revelada do enigma. Porém, por aquele dia bastava. As lembranças consumiram todas suas energias, estava muito cansada. Deitou e abraçou seu travesseiro de estimação. Não foi recíproco. Desejou do fundo de sua alma conseguir a receita do chá encantado (mas era muita burocracia…) e, aos poucos, foi adormecendo; dessa vez, um sono sereno, anestesiante, viciante. Seu último pensamento, agora somente uma sombra ténue no fundo de seu consciente, foi a lembrança de que havia perdido a peça-chave do quebra-cabeça, e era importante acha-lá! Não do quebra-cabeça que montava, mas sim do seu preferido; Este, diferente daquele, era formado por apenas uma peça, a qual jamais conseguiu encaixar em lugar nenhum.

3 comentários:

  1. Hum.. um conto de 'fadas' alternativo, sem fianl feliz. Ensina muito mais que um final: 'e então ficou tudo bem...'

    Bem muitas vezes o encaixe da peça nós sabemos, mas não temos coragem de tentar encaixar, aí nossa consciência (ou 'inconsciência') nos diz que não sabemos.

    Bem legal o conto, tão 'fofinho'(hauuha) contrastando com uma frustração.
    Parabéns! Beijos Mlle. Cherry. Continue escrevendo.

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  2. Obrigada por comentar :) É bom saber que alguém lê o que eu escrevo - e ainda se dá o trabalho de tecer um comentário a respeito n.n
    Ainda mais você :D
    <3

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  3. Nunca parem de escrever! Amo lê-los!!!!!

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