22 abril, 2009

Insônia

Não consigo dormir.
O motivo? Não me pergunte.
Se soubesse, já teria resolvido-o.
Preciso descobrir o motivo.
Ou achar uma maneira de dormir.
Vou até a cozinha.
Geladeira, microondas, vaso de Dewer...
Escolho a terceira opção.
Abro um de cor muito escura.
Preto.
Sinto um cheiro muito tentador.
O cheiro de uma substância forte,
A infusão prometida.
A tentação é muito forte.
Sim. O cheiro é de Café.
Sei que, se eu degustá-lo,
ficará mais dificil ainda alcançar o tão desejado
SONO.
"Qual o problema?", perguntam vocês, "você já não consegue dormir..."
A verdade me esmaga contra minha xícara.
A xícara do Café.
Sua imagem está gravada nela, e
Seu nome também.
Lentamente levo o recipiente aos meus lábios.
Quando este os alcança, o liquido preto, quente e doce
escorre pela minha garganta.
Existe sensação melhor?
Não sei dizer. acho que não.
Termino a xícara.
Acordo suado, às 2:03 da madrugada sem saber o porquê.
Não consigo dormir.

05 abril, 2009

Fantasia de Sangue

Medo de seus próprios pensamentos. Mesmo sabendo ter controle sobre seu corpo, temia por pensar aquilo.

Em um fim de semana, o local de sua residência era agitado, porque jovens reuniam-se em plena rua para "festejar". Via sua privacidade invadida, não queria escutar aquelas músicas estridentes de conteúdo fútil que partiam daqueles muitos carros estacionados na esquina e pelo resto da rua. Os gritos e roncos de motor adentravam seu lar, fechando as janelas não barrava o som totalmente e sentia-se apertado, o quarto ficava sem ventilação, pensava no seu direito de manter as janelas abertas. O barulho da rua entrava em sua mente, impedindo-o de pensar em coisas que julgava mais importante que a letra daquelas músicas. Olhava para a rua, via pessoas se divertindo, bebendo, como se não tivessem importância com os outros, e pior, consigo, ao colocarem-se em risco num local como aquele: carros, bebida, homens tentando conquistar mulheres a qualquer preço, muito imprudente. Certo, mas isso passou a não incomodar, e sim os pensamentos que apareceram. Não bastava desejar a experiência de ser incomodado daquela forma para os baderneiros. Queria dar um 'chega sangrento'. Até refletiu sobre o que ele teria feito para evitar perturbar os outros nas reuniões com seus próprios amigos, sabia olhar para si também, mas o 'basta de sangue' tinha calado esse seu lado...culpado. Alguém teria que pagar, isso assustaria os demais perturbadores, talvez nunca mais voltassem.

Fantasia.... Via-se, em instantes descontínuos, no topo de seu edifício, de onde teria ampla visão de tudo. Com seu rifle de precisão, equipado com uma mira telescópica, procurava seu alvo. Difícil escolher quem pagaria por todos, mas era ela, a garota loira de blusa verde. Estava sendo paquerada por um rapaz com aparência desleixada, mas bem apresentado de uma maneira despreocupada: barba mal feita, cabelos castanhos grandes e bem penteados, camisa, calsa jeans e sapatos de couro opacos. Queria dar um susto em todos, mas ele seria o mais abalado, estaria tão perto dela... A moça parecia simpática, bonita para os padrões de beleza, corpo atlético. Agia de forma descontrolada, bebia uísque com gelo, dançava, não estava nem aí... away. Podia estar errado, mas nosso caçador, bem posicionado teve mais má impressão dele do que da garota. O verdadeiro caçador estava no topo do prédio, sentindo o frio daquela noite acentuado pela ausência de proteção do vento. Irônico: sentia o frio em sua alma. Ele falava no seu ouvido, ela dava uma volta, dançava perto dele (isso ao som de mistas músicas que falavam de sexo, traição, crime...), se abraçavam... E agora? Qual o alvo? Não mudou sua decisão, achou muito imprudente da parte da 'menina' dopar-se daquela forma. O que o confortava? Era o fato de que talvez o rapaz morresse em um acidente de trânsito ao sair desesperado dali dirigindo bêbado e deixando o cadáver abandonado, da mesma forma que faria com ela no dia seguinte depois de levá-la ao seu apartamento. Aí a oportunidade o tiro bem dado, ela estava em seus braços, ele aproximou o rosto para beijá-la... fantasia de sangue.

Bem, esqueceu a garota, a arma, deixou o topo do prédio e o frio de lá de cima. Preocupação... seria aquele pansamento normal? Se tivesse oportunidade de ter um rifle de precisão, faria aquilo? Agradecia por não ter a oportunidade e um pouco de sensatez. Agora tinha consciência, teve medo de seus pensamentos, de sua condenção se tivesse feito aquilo. Só que era tarde, viu que já estava condenado. Qual a consequência para sua fantasia de sangue?

-Dedicado a Duke Spoon.