01 outubro, 2009

Corpos: Dispositivos Obsoletos

Pensamentos e sentimentos. São dois fenômenos (ou um só?) ocorrentes no interior de qualquer ser humano. Tê-los pode, de certo ponto de vista, definí-lo como um ser, de fato, "humano".

Independentemente do canto do espaço físico em que vivemos, sentimos e pensamos coisas. Podemos nos questionar se nossos corpos, incluindo nossos cérebros, são "reais" ou não, podemos nos questionar se o universo inteiro que nos cerca é real. Mas podemos ter a certeza de que nós, em algum lugar, ou em algum outro conceito que talvez não sejamos capazes de conceber, existimos, já que nossos pensamentos e sentimentos nos definem e definem para nós o que há a nossa volta.

"Eu não sei se tudo o que me cerca fisicamente é real, mas sei que eu sou, pois 'eu' penso coisas, sinto coisas, e interajo ou não com este universo".

Esta é minha interpretação do "penso, logo existo", de... huh... Descartes, eu acho. A propósito, nunca li nada dele. =P


Bem, é verdade que sentimos e pensamos coisas, mas estes sentimentos e pensamentos são limitados a nós. No entanto, sabemos existirem outros seres parecidos conosco em nosso universo. Eles são seres humanos, e o principal fator que nos permite diferenciá-los de outros seres é a linguagem falada e/ou escrita.

Esse uso de linguagem advém da necessidade humana de se comunicar com os semelhantes; a comunicação é, sob esse ponto de vista, a tentativa de um humano transmissor da mensagem fazer com que o receptor pense e/ou sinta aproximadamente a mesma coisa que o primeiro pensou e/ou sentiu.

Porém, nossos sentimentos e pensamentos são, como dito anteriormente, limitados a nós, e há uma barreira física entre um espírito humano e outro, sendo essa barreira próprio espaço e a matéria nele contida. Precisamos, para que a mensagem chegue ao "dispositivo de interação com o universo" chamado corpo do interlocutor, e em última instância a seu espírito, manipular o espaço e a matéria que deles nos separam, através de um código inteligível tanto a transmissor quanto a receptor. Percebam, aí, a quantidade de perdas por tradução que ocorrerá nesse processo: nosso espírito entende uma linguagem muito mais complexa do que podemos transmitir fisicamente, através de palavras escritas ou faladas, ou gestos, até outras pessoas.

É como programar um computador, processo para o qual precisamos abstrair todos os pensamentos de alto nível de complexidade que temos para o nível de operações matemáticas, com pouca complexidade e simples de serem entendidas pelo computador. De modo análogo, a comunicação é como programar os pensamentos e/ou sentimentos de um interlocutor; no entanto, dada a diferença abismal entre a complexidade de pensamentos/sentimentos e meras palavras, é muito maior a perda por tradução na comunicação humana do que a tradução das ideias de um algoritmo para a linguagem lógica/matemática envolvendo apenas números binários de um computador.

Enfim, nossos corpos são dispositivos de comunicação obsoletos e insatisfatórios, se os compararmos com aquilo de que precisaríamos para uma comunicação perfeita e sem perdas entre seres/espíritos humanos. Quanto mais precisamente queremos transmitir uma mensagem, mais tempo perdemos selecionando palavras, expressões e gestos e os colocando cuidadosamente, e maior parte de nossas vidas se vai. Quanto maior a distância física que queremos que nossas mensagens atinjam, maiores as abstrações e cálculos necessários; por exemplo, a necessidade de Internet, telefone e televisão é criada, e a manipulação cada vez mais a nível matemático do universo se torna necessária a fim de criarmos tais tecnologias.

Quão bom (e menos dispendioso) seria se as pessoas pudessem estar todas juntas, vários espíritos podendo comunicar-se sem a necessidade de um espaço físico?

3 comentários:

  1. A propósito, perdoem eventuais erros de coesão no texto. Mas não perdoem erros gramaticais e/ou ortográficos. \o/

    ResponderExcluir
  2. É interessante aletar que por essa limitação da linguagem ocorrem desentendimentos, além disso a entonação, usar determinada palavra ao invés de outra... também causam desentendimentos. Se existisse uma palavra para cada idéia, todos se entenderiam.

    ResponderExcluir
  3. eu nem Li! mas, mas... deve ser legal.. né?

    o/

    ResponderExcluir